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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A reforma protestante, a fé e a violência. 1ª Parte.




No mês de outubro igrejas reformadas do mundo inteiro comemoraram aquele que é considerado o dia da Reforma Protestante. 


Era meio dia em Wittemberg, do dia 31 de outubro de 1517, quando um professor, Doutor de Humanidades e Teologia Sacra, o padre Martinho Lutero, afixou na porta da igreja do castelo de Wittemberg, 95 teses contrárias às indulgências da Igreja Romana. Junto às teses acrescentou um convite educado,  para todos que quisessem participar de um debate sobre as questões por ele levantadas.
Assim, com este convite ao debate, a Reforma Protestante tinha  começado.  




Entretanto, as coisas tomaram um rumo muito diferente que apenas debates e discursos acadêmicos. Houve uma verdadeira revolução na Europa e que influenciou enormemente o mundo ocidental. A separação de Roma foi traumática. Surgiram fortes lideranças, fora da Alemanha de Lutero, como  João Calvino e Ulrico Zuínglio, que também  aderiram às idéias reformistas. 

 Os anabatistas propunham radicalizar a Reforma
Além do trauma da separação da igreja romana, os países que aderiram à Reforma tinham que pensar sobre a ameaça de muçulmanos de invasão  da Europa. Entretanto uma certa "ameaça"  interna passou a trazer tremenda dor de cabeça para as lideranças religiosa e políticas da Reforma. Era um movimento radical denominado "Anabatistas".
Um capítulo que merece destaque na Reforma Protestante do Século XVI  são os estes anabatistas. 
Foi um grupo que se originou dentre os discípulos do reformador Zuínglio, em Zuric, Suíça, que rompeu com aquele líder, e se espalhou  por toda Europa, a ponto de  perturbar a ordem religiosa social  e política, atraindo o ódio tanto dos líderes religiosos quanto dos políticos. Eram perseguidos e martirizados tanto em territórios dominados pelo catolicismo quanto nos territórios dominados pelos seguidores de Lutero  e Calvino e Zuínglio.  
Os anabatistas, ou em português, rebatizadores, criaram o movimento  mais perseguido do período da Reforma.  Receberam  inclusive o nome de Reforma Radical . 

Ênfases Anabatistas
Desejosos  de aprofundar as reformas  de Lutero, Zuínglio  e Calvino, os anabatistas pregavam:
- uma separação radical  entre a igreja  e o Estado;
- a não realização do batismo infantil;  
- e um retorno à igreja primitiva apostólica, que existia antes do período  de Constantino. 

Criam que  a igreja deveria ser livre e composta de pessoas  que tomassem a decisão pessoal de participarem  dela livremente, e sendo batizados depois de adultos, sem a força e a interferência do Estado. 
E para espanto de todos, afirmavam ainda que que para ser um discípulo de Jesus Cristo, o cristão não deveria pegar em armas em nenhuma ocasião de sua vida. Citavam como exemplo o próprio Cristo que não aceitou o caminho da espada, mas escolheu o caminho da cruz;  que se entregou, sem usar nenhum tipo de violência e sem resistência, aos seus algozes. Os anabatistas,  mesmo diante da perseguição armada, não se defendiam.  Eram pacifistas. 

Intolerância dos Reformadores - Massacre de anabatistas.
Essas ideias pregadas com tanto entusiasmo pelos anabatistas e sua aplicação nas suas comunidades que cresciam rapidamente, causaram  uma das maiores perturbações na  Europa do Século XVI. As autoridades civil e religiosas, que andavam de braços dados, não podiam tolerar nenhuma das reivindicações radicais.
Foi um movimento extremamente popular, que atraiu muitos camponeses e a população pobre da Europa; seu crescimento rápido assustava ainda mais as autoridades.
Em pouco tempo os anabatistas foram considerados  hereges pela igreja Reformada e pela Católica Romana; e pelo Estado, eles eram considerados oficialmente como subversivos em  todos os países da Europa. 
 Foram perseguidos  ferozmente, pois a pena para heresia  era a morte. 
As penas mais comuns que sofreram foram as mortes por afogamento, ou  queimados vivos em fogueiras. Os líderes eram queimados, os seguidores eram decapitados. 
Apesar de milhares de mártires, serem mortos com grande crueldade,  o movimento  continuava  crescendo para espanto dos perseguidores. 

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Bibliografia:  
Justo L. González. Historia del Cristianismo, Tomo 2, Desde la era de la reforma hasta la era inconclusa. Publicado por Editorial Unilit
Coneilus Dick, História Menonita ,  Editora Cristã Unida

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto pastor Cláudio. Bem Esclarecedor!

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  2. Obrigado Marcelo. Vale a pena esclarecer essa parte da Reforma que muitos desconhecem ou tentam ignorá-la para tentar amenizar a truculência com a qual os reformadores trataram seus irmãos Anabatistas.

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