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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Pacificação em nome do Príncipe da Paz


Professor da UFSC mostra roupas que usava quando foi esfaqueado

Haveria um tempo em que os coturnos ensanguentados, dos soldados, e toda roupa manchada de sangue, pela guerra, seriam queimados devido ao nascimento de um menino;  um dos nomes desse menino seria Príncipe da Paz.

A violência não teria mais sentido após aquele nascimento.

Príncipe da Paz - Esta é uma expressão utilizada pelos profetas de Israel, mais especificamente pelo profeta Isaías,  e que foi recebida pelos escritores do Novo Testamento como cumprimento em Jesus de Nazaré.

“Porque todo calçado que levava o guerreiro no tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em sangue, serão queimados, servindo de combustível ao fogo.Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”  Is 9.5-6


Lucas narra em seu evangelho que  na noite do nascimento daquele menino surgiram anjos nos arredores de Belém, da Judeia, para anunciarem a alguns  pastores, que vigiavam seus rebanhos à noite, a grande notícia do nascimento daquela criança. Então, a seguir,  uma multidão de anjos celestiais recitaram em uníssono: 
“Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra aos homens a quem ele quer bem”  Lc 1.14
 E assim, após se tornar adulto,  aquele menino pregou e transmitiu essa paz profetizada por Isaías e anunciada pelos  anjos, aos pastores . A proclamação de um  Reino de paz , amor, perdão e reconciliação,  foi o cerne da sua vida e de sua mensagem.

Essa consciência da proclamação de um evangelho da paz fazia parte do entendimento da igreja primitiva de Jesus Cristo, a igreja do primeiro século. O próprio Lucas, que também escreveu o livro de Atos dos Apóstolos, narrou o discurso de Pedro, na casa de um militar romano, resumindo  a pregação da igreja da seguinte forma:
“ Pregar a boa nova da paz por meio de Jesus Cristo” At. 10.36 
Este, infelizmente, tem sido um aspecto muito negligenciado da missão de Jesus: 
o aspecto da pacificação, da resistência não-violenta ao mal, da futilidade e natureza autodestrutiva do ódio e da vingança.

Como este tema é relevante para nossos dias!  David Bosch, em seu excelente livro Missão Transformadora, Ed. Sinodal, escreve que : 
“No mundo contemporâneo, em que o terrorismo, a violência, o crime, a guerra e a pobreza, são os assuntos atuais mais importantes, esse aspecto do evangelho de Lucas é agudamente importante”
 Para  Bosch nosso engajamento missionário poderá até ser  muito bem-sucedido em outros aspectos (inclusive no crescimento numérico de nossas igrejas), mas se fracassarmos no aspecto da pacificação, somos culpados perante o Senhor da missão. 

Portanto, todas as vezes que uma discípula  escolhe o caminho da espada e deixa o caminho da cruz ela está fracassando.

A pacificação, em Lucas, é um componente central da mensagem do cristianismo.

A mensagem do evangelho, em Lucas, culmina com Jesus orando  pelas pessoas  que o crucificaram; pedindo que o pai as perdoasse.

Portanto, não há espaço para o ódio no coração da seguidora e do seguidor de Jesus.




sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Esperança dos Pobres


  

"Então, disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador,porque contemplou na humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome.A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração,alimentavam pensamentos soberbos .Derribou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes.Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos....."  Lucas 1.46-53

Esse texto é considerado um cântico.  Chamado de Magnificat devido à primeira palavra do texto em Latim. A narrativa de Lucas é surpreendente pelo cunho social apresentado nas palavras de Maria.

O trecho acima foi recitado por Maria após a jovem receber uma revelação de que ficaria  grávida  e que daria  à luz o messias prometido por Deus, o Salvador.

A seguir, segundo Lucas,  Maria vai visitar Isabel, sua prima e logo ao entrar na casa comunica sua gravidez recitando estas palavras que de certa forma são revolucionárias. Quem imaginaria que uma menina de família pobre, do interior,  tivesse a capacidade de proferir tais palavras. 

Embora esta passagem bíblica seja muito usada pelos cristãos ao longo do ano em suas liturgias, a mim me parece um texto  especial quando nos aproximamos da noite que se comemora o Natal.

Lucas parece ter um interesse especial pelos pobres e por outros grupos marginalizados. Aqui no Maginificat lemos : “ (Deus) encheu de bens os famintos  e despediu vazios os ricos”.

Desde o início o evangelista  quer apresentar  um Jesus e sua mensagem como   a  “esperança dos pobres” .

Nesse evangelho Jesus é descrito como  alguém que se relacionava  com as pessoas sofredoras, perturbadas, doentes, coletores de impostos, pecadores e até com  as mulheres – ultrapassando a barreira social e religiosa da sociedade patriarcal de sua época.

Jesus, esse mesmo que em dezembro se comemora seu nascimento em todo o mundo ocidental e em diversos países do Oriente e Ásia, demonstrava uma extraordinária compaixão pelos marginalizados, a qual sua igreja é chamada a imitar. 

Mas, será que o estamos imitando?