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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Dia Mundial da Não Violência e da Paz


Pesquisadora da  UFPA, a professora Kátia Mendonça, da Faculdade de Ciências Sociais, fala sobre o dia mundial da Não Violência e da Paz. Dia Mundial da Não Violência e da Paz. Eu achei muito interessante que ela abordasse o tema da espiritualidade na questão da Não Violência, por isso  postei a entrevista na íntegra.
Claudio D. Pereira

 Em homenagem ao líder religioso hinduísta Mahatma Ghandi, é comemorado, em 30 de janeiro, o Dia Mundial da Não Violência e da Paz. A data foi escolhida por ter sido neste dia em que o líder foi assassinado por um fundamentalista hindu, em 1948. Ghandi é mundialmente conhecido pela sua militância em favor da paz e foi um dos grandes precursores do conceito de Não Violência. 

Esfera transcendental - O conceito, ou melhor, a ação da Não Violência começou a tomar forma na primeira metade do século XX, nos movimentos políticos e sociais liderados por Ghandi. Este conceito envolve não apenas uma esfera política, mas também uma esfera transcendental, sendo encontrado em várias manifestações, como o cristianismo, o budismo, o hinduísmo e a umbanda.
“Para Gandhi, o ahimsa - o termo, em sânscrito, para não violência - era um tipo de comportamento marcado pela ação orientada para não causar dano e prejuízo ao outro”, explica a professora Kátia. 

Paz e Não Violência - Ainda de acordo com a professora, a diferença entre a não violência e a paz está, justamente, no fato de a primeira ser um ato individual ou social que se baseia em não responder também agressivamente às agressões de outros e não causar-lhes danos. Neste caso, a não violência poderia ser um meio pelo qual se pode chegar à paz, mas não à paz em si e nem uma garantia dela.

A paz “é um estado de harmonia e de equilíbrio que pode ser interno e/ou externo, mas, antes de tudo, exige um diálogo com o Transcendente – ‘Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vô-la dou como o mundo a dá’ - João 14:27”, explica a professora.

Entretanto, além do campo religioso ou político, a não violência demanda uma mudança interna real daqueles que participam de conflitos. “Esse era o sonho, não realizado, de Gandhi para a Índia. Enquanto ficar no plano de uma simples técnica de manipulação política, sem a mudança interior dos participantes do processo, estará sempre sob risco de perder-se e de voltarem os conflitos e a violência”, conta.
Círio - Não é incomum vermos barbaridades no noticiário local, como assaltos, assassinatos, intolerância. Apesar de esses acontecimentos povoarem os medos de muitos dos paraenses, a professora acredita que o Círio de Nazaré é um bom exemplo de um momento de não violência no Estado, já que é pequeno o número de ocorrências policiais nos dias de procissão, por exemplo.
A professora acredita que falta ao Pará manter, nos outros dias do ano, esse “espírito” de não violência que surge na época do Círio. “Eu gostaria de apontar o papel importante das lideranças religiosas - católicas, espíritas, protestantes, umbandistas etc - para uma educação para a paz. Ela é nada mais do que transformar a não violência em uma prática vinculada a uma espiritualidade, que, antes de tudo, aceita o outro em seu culto e religiosidade diferentes, portanto, não fundamentalista.”
Imagem e informação – Muitos pensadores já diziam que vemos em uma sociedade do espetáculo, na qual somos “bombardeados” com imagens e informações em nível extremamente elevado e de qualidade duvidosa. De acordo com a professora Kátia, é justamente uma reeducação do homem na era da imagem e da informação um dos pontos importantes para que a sociedade se torne menos violenta.

“Uma reeducação da família e das crianças é o primeiro passo. Entretanto ressaltemos, ela é difícil em uma sociedade que cultua Big Brother, telenovelas etc. e tem sua vida orientada por isso”.
Corrupção - Uma mudança no quadro de corrupção política no país também é essencial, segundo a professora, já que crimes como desvio de verbas para a saúde, a educação e a moradia também são violência.
“Além disso, a corrupção é um tipo de comportamento que educa as pessoas, no âmbito político, a também serem corruptas e violentas. Logo, a mudança rumo à paz envolve famílias, jovens, crianças e políticos. Uma tarefa interminável, incessante, que exige, de cada um de nós, um esforço e mudança muito grandes, mas não impossíveis. As grandes matrizes religiosas estão aí para nos lembrar, e o cristianismo - por estarmos no Ocidente - muito mais, pois dele provem o maior testemunho da misericórdia de Deus em relação ao homem, que é Jesus. Retomar o contato com o Criador poderá conduzir a Criatura a encontrar o rumo que perdeu, com o qual a humanidade, por fim, chegará à paz”, encerra a professora.

Texto: Dilermando Gadelha – Assessoria de Comunicação da UFPA

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Falta de clemencia para o brasileiro Marco Archer


Lamento muito a falta de clemencia e de coerência do governo da Indonésia, que executou o brasileiro Marco Archer com um tiro no peito,  no último domingo, dia 18 . 

Após a execução da pena de morte o Procurador-Geral daquele país pediu respeito às leis do país, em resposta às críticas internacionais recebidas pela execução de seis réus de diferentes nacionalidades. Muitos comentários nas redes sociais do Brasil compartilham da mesma ideia do Procurador alegando que : “se existe lei tem que ser cumprida!” 

Então tá!.  Então vamos ver como eles aplicaram as tais “leis” na última década?
- As autoridades da Indonésia soltaram 800 terroristas condenados por um atentado em 2002, em Bali, no qual foram mortas 202 pessoas; a maioria dos mortos eram estrangeiros. Naquele caso tiveram clemencia, ou “perdoaram” os terroristas;
- Mas agora, ignorando pedidos de clemencia, executaram condenados estrangeiros, inclusive o brasileiro. 
Dois pesos e duas medidas! 

Por essa contradição já percebe-se que essa “lei” não merece respeito. Pelo contrário , essa hipocrisia merece, sim, ser condenada e desmascarada.

Todos sabemos que o brasileiro Marco Archer cometeu o delito de traficar drogas; mas isso não significa que ele deixou de ser uma pessoa humana, criada por Deus.  Inclusive Deus o ama também;  e só Deus teria o direito de tirar-lhe a vida. Mas parece que esse ponto teológico é difícil de muitos aceitarem.

Além do mais; para reflexão dos defensores de pena de morte vale a pena pensar:  se a pena de morte resolvesse o problema de drogas os Estados Unidos, que adota essa pena, seria um país livre dos traficantes e dos crimes que envolvem o uso e o trafico de entorpecentes.  Mas todos sabemos que não é assim por lá..

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Massacres na Europa de ontem e de hoje.


Franceses vão às ruas em apoio contra terrorismo

Neste mês em que igrejas  de tradição  anabatista, ao redor mundo, comemoram o marco inicial da chamada Reforma Radical, com enfase pacifista, segundo o modelo de Jesus, o mundo está abalado com atentados terroristas. Pode-se dizer que a Europa vive uma guerra "velada" contra os imigrantes  de origem árabe ou descendentes de árabes nascidos no velho continente.  Mais adiante neste artigo falarei um pouco sobre essa tendencia a uma islamofobia européia.

A data a que me referi acima  é a de uma  reunião de oração em Zuric, Suiça, em 21 de janeiro de 1525 que  é considerada o marco inicial da Reforma Anabatista;  uma reforma radical que teve como uma das principais bandeiras a paz e não violência. Naquela data foi  deflagrado o movimento do Anabatismo como uma igreja visível de crentes, com ênfases distintas tanto do catolicismo romano, quanto do Protestantismo emergente.Ela é chamada Reforma Anabatista ou Reforma Radical . Anabatistas significa rebatizadores.

Uma parte de uma antiga carta escrita possivelmente em 1530, portanto, pouquíssimos anos depois da citada reunião de oração, é transcrita abaixo; originalmente escrita em Holandes, o texto é  extraído do livro Uma Introdução à História Menonita, de Cornélios J. Dick, Editor:
"Assim também o acima mencionado Felix Mantz, que foi o primeiro; foi afogado em Zurique, Wolfgang Uliman foi queimado em Walzem com dez outros, inclusive seu irmão, que era seu companheiro. Ele foi o sétimo.Depois dele um clérigo chamado Hans Pretle (Johan Brotli), que também era nosso servo no país. E assim ele se divulgou através da perseguição, como Miguel Satler e muitos de seus parentes. Assim também Melchior Veit, que era companheiro de George Blaurock, foi queimado em Dracha."
Naquele século XVI os Anabatistas foram a "bola da vez" na Europa, pois tanto  Estados Protestantes quanto Católicos os perseguiram e mataram até que se reduziram a pequenas comunidades que escaparam de ser  dizimadas. 

Durante a segunda guerra mundial  foi a vez  dos judeus. O antissemitismo chegou ao auge  com Hitler na Alemanha , com  grande colaboração do estado francês que deportou  milhares  de judeus para os campos de concentração nazistas. Estima-se que seis milhões de judeus morreram vítimas do nazismo.

Agora, infelizmente, está  chegando  a vez dos muçulmanos europeus enfrentarem a mesma  fúria, principalmente do governo francês. 

Após o atentado à revista Charlie Hebdo, executado por dois franceses descendentes de argelinos, neste mês  de janeiro,  o  governo francês, seguido pela Bélgica e Alemanha, decretou  alerta máximo  contra  possíveis atentados terroristas, organizados por radicias islâmicos. 

Nessas horas, cegos de ódio e com fome de vingança os chefes de Estado não conseguem ou não tem interesse em   fazer separação entre quem são estes "radicais islâmicos", que utilizam o terrorismo,  e a população de descendência árabe,  pacífica, praticante do islamismo.  Assim todo povo árabe que mora na Europa e outros imigrantes de pele morena  passam a sofrer discriminação, retaliações e correm risco de morte. 

Que haja bom senso dos Estados  europeus para que o mundo não  sofra outro massacre.









sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Somos todos Charlie Hebdo




Je Suis Charlie. Desde o ataque à revista francesa Charlie Hebdo , ocorrido dia 7, milhares de pessoas na França, Bélgica e em diversos outros países,  foram às  ruas, levantando cartazes com a frase “Je suis Charlie”,  eu sou Charlie.
O ataque foi um ato terrorista bárbaro, que resultou em doze mortos e  que assustou a Europa e boa  parte do mundo, e vem recordar a todos  que o conflito religioso entre os  muçulmanos e o ocidente continua sem solução. Este atentado foi mais um degrau num conflito que não é novo.

O site da revista Ultimato, www.ultimato.com.br, do dia 08.01.15  nos traz à memória um outro ataque a editores ocorrido em  abril de 2007, na Turquia. Naquela ocasião radicais muçulmanos atacaram a sede da Editora Zirve, na cidade de Malatya e assassinaram três pessoas. Zirve é uma editora que produz e distribui  livros cristãos e Bíblias na Turquia. As três vítimas, dois turcos e um alemão, foram encontradas com as mãos e os pés atados e a garganta cortada.
 
Como cristãos ficamos ainda mais chocados com essas notícias pois elas  residem  num contexto religioso de ódio e intolerância que não condiz com os ensinamentos do evangelho de Cristo, um evangelho de amor e paz.  

Autoridades muçulmanas se manifestaram contra o ataque. Assem Shalaby, presidente da Associação de Editores Árabes, o condenou com as seguintes palavras:

"este ataque perverso é contrário aos princípios do Islã e à mensagem de seu profeta."
"Este é um horrível crime cometido contra a humanidade, a liberdade de expressão, o Islã e os muçulmanos", disse Ibrahim El Moallem, presidente da Dar El Shorouk, a maior editora de livros árabe. "É um ataque contra a civilização".


Nossa oração a Deus é que Ele console as famílias dos editores franceses assassinados e que os cristãos na França e Europa aceitem o desafio de amar e continuar dialogando com  os muçulmanos e trabalhar pela paz.