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quarta-feira, 19 de junho de 2013

Passe Livre - Manifestações pacíficas de pessoas indignadas


           
            Estava  aguardando a abertura da  Copa. Tinha até comprado um guaraná pra acompanhar a  pipoca quando vi, na TV,  a tropa de choque da PM  fazendo  isolamento  de uma das entradas do Estádio.
            Repórteres, empolgados  com a abertura  do evento,  não se cansavam  de repetir que meia dúzia  de baderneiros  não iriam  tirar  o  “brilhantismo” da Copa no Brasil, mas percebia-se que estavam  pasmos  com o que estava acontecendo.
            O Estádio Nacional de Brasília – Mané Carrincha, palco da abertura da Copa das Confederações, foi palco  também de pancadaria da Polícia Militar nos  manifestantes, do lado de fora.
            Depois de ver essas cenas pensei: vou ter que interromper minha série  de artigos  sobre conflitos entre casais;  depois continuo; esse conflito do povo contra as injustiças sociais  tá mais sério, e tenho que me ater a ele por enquanto.
Lembrei também que a dois meses atrás  escrevi um artigo fazendo alusão  à  violência de Brasília, à falta de Paz de nossa Capital e criticando a inversão de prioridade do Governo, ou seja, não investir em segurança, para investir em estádios caríssimos. Estava na minha frente as duas coisas: o estádio de futebol e a violência em volta dele.
            Passo a citar um trecho do artigo, para depois continuar o comentário sobre as manifestações, que como a de Brasília, tomaram conta  de tantas cidades do país.
“Pacificação no Distrito Federal
O Distrito Federal, uma das sedes da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de Futebol de 2014 começou o ano mal, no aspecto violência urbana. Brasília também precisa ser  "pacificada".
            Observa-se um aumento alarmante  da violência  no DF, com mais  homicídios  e sequestros relâmpagos.  Em março, em apenas um final  de semana, tivemos pelo menos oito assassinatos. Eles ocorreram em Santa Maria, Planaltina,  Riacho Fundo e  Ceilândia.” 

Perplexidade da Mídia e das Autoridades 
            Depois de me surpreender com os protestos de Brasília comecei a me informar mais sobre as manifestações  e descobri que não era só em Brasília, mas que em São Paulo já reunia  milhares de pessoas  protestando contra um aumento de R$ 0,20 (vinte centavos) nas passagens  de ônibus. O movimento chamado Passe Livre, em São Paulo, foi quem começou a chamar o povo para se manifestar nas ruas.  
E depois, pra minha alegria e espanto vi que o povo também estava nas ruas,  para protestar, em diversas capitais como Rio, Belo horizonte, Porto Alegre, Recife, Brasília e avançava para outras cidades menores.
            Trata-se de uma população em passeatas, dezenas de milhares, que sai às ruas, em sua grande maioria a juventude,  para demonstrar sua indignação  com os descasos que os governos, do país  e dos estados e municípios, vem demonstrando  com  a vida da população.
            Na segunda-feira, dia 17 de junho, cheguei em casa e fiquei sabendo que   minha  filha mais nova tinha ido para a manifestação em frente ao  Congresso Nacional. Grudei os olhos na TV  para ver se a polícia ia baixar o sarrafo  de novo. Graças a Deus  não teve pancadaria.


Indignados, essa é a palavra. O povo se indignou, e com razão, com a corrupção dos políticos do governo  e com a impunidade aos condenados no escândalo do “mensalão” do governo Lula e Dilma; com a inflação, com os impostos altos, os serviços de péssima qualidade  do transporte público, da segurança pública;   a  carência  e péssimo atendimento  do serviço  de saúde.
            Enfim  o povo parece que cansou de ser violentado.  Porque  a violência que sofremos  não é apenas a  imposta pelo ladrão  que nos rouba na fila  dos ônibus , ou que promove sequestros  relâmpagos, ou que está à espreita para nos roubar  as casas. Há outra violência, a institucional. É a violência do patrão que nos explora, do Estado que nos menospreza.  Essas também nos violam.
É óbvio que trata-se de violências contra o cidadão:  o ter que  pagar  taxas abusivas de IPTU  e IPVA, por exemplo,  ou ter que gastar 3 ou 4 horas por dia dentro de um coletivo em péssimas condições, ou esperar um dia inteiro para ser atendido por um  médico num hospital público. Isso tudo tem machucado a população  e incrivelmente  mobilizou muita gente  para se manifestar nas ruas.

            As características do movimento que causou e está causando  inquietação e perplexidade em repórteres e políticos, seriam as seguintes, principalmente:
1.      As manifestações  aglomeram mais de cem mil pessoas em São Paulo e Rio, e isso parece que surgiu da noite pro dia;
2.      Não há uma liderança no movimento;
3.      Não aceitam intromissão  de partidos políticos ou sindicatos;
4.      A maioria dos manifestantes é muito jovem;
5.      Os manifestantes, em sua maioria, não querem atos de vandalismo;
6.      São manifestações pacíficas;
7.      Organizadas basicamente  pelas redes sociais.

Muitos observadores estão com medo de que se perca o controle das massas  e os atos  de vandalismo se multipliquem; muitos achavam que era fogo de palha; não esperavam que as manifestações fossem tão frequentes.
 Que  vento é esse que está  soprando  no Brasil? 
 É um vento de esperança que quer varrer a inércia, a letargia, a omissão, e a cumplicidade com os desmandos  de nossa desgastada  classe política.
A aparente calmaria do país está se transformando num vendaval. Ainda não se tem certeza de muita coisa, mas  alguma coisa  nova  está  sacudindo  o país.  O povo quer mudanças e a pauta de reivindicações está crescendo, chegando inclusive a pedir a queda do Presidente do Senado  e a prisão  de José Genuíno  e seus comparsas  do mensalão.

Ah! Até  os aumentos  das passagens  foram cancelados, em São Paulo e nas outras cidades; mas  a dor de cabeça  dos governantes é a seguinte: a indignação do povo não era só com um  aumento de vinte centavos nas passagens! 
Claudio D. Pereira

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