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sábado, 24 de agosto de 2013

Alternativas cristãs à violência - 2ª parte


Na guerra do Vietnan  quando os EUA atacavam  uma cidade  diziam que a estavam "pacificando"
Começando no Morro Santa Marta, em 1998, o governo do Rio de Janeiro tem declarado que já fincou a bandeira das UPP- Unidade de Polícia Pacificadora em diversas favelas da Zona Sul.
O que se pretende dizer com essa paz nas comunidades? 
O objetivo do poder público neste caso, do Rio,  é de  retomar o controle estatal  que o Estado perdeu em décadas anteriores por negligência política, e em muitos casos, por  conivência do poder público com o crime organizado. Essas comunidades ficaram  sob forte influência da criminalidade armada. As UPP tentam devolver à população local a paz e a tranquilidade para o exercício de atividades rotineiras da vida como ir e e vir.  Essa garantia de liberdade de ir e vir  é uma das obrigações do Estado, que os traficantes estavam cerceando.
Isso não significa que as UPP  vão conseguir acabar com o tráfico de drogas; acabar com a criminalidade; ou que seriam  solução para todas os problemas socioeconômicos das comunidades, nem livrá-la de toda a violência.
Mas a isso, essa retomada,  o governo tem chamado de pacificação. 
Como disse acima, creio que esse foi um importante passo da Cidade do Rio para garantir alguns direitos básicos para os moradores das localidades antes dominadas pelo crime organizado; entretanto,  isso ainda não é a paz,  a paz defendida pelos profetas bíblicos do Velho Testamento.
A paz prometida por Deus ao seu povo Israel  foi assim descrita  em Levíticos 26.:3-6. : 
"Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes,

Então ...  habitareis seguros na vossa terra.Também darei paz na terra, e dormireis seguros, e não haverá quem vos espante; ..., e pela vossa terra não passará espada." Lv 26:3-6
Portanto, as leis de Deus garantiriam a paz de Deus, a verdadeira pacificação. 
E que leis seriam estas?  Êxodo 22.21-27

"O estrangeiro não afligirás, nem o oprimirás; pois estrangeiros fostes na terra do Egito.A nenhuma viúva nem órfão afligireis.Se de algum modo os afligires, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor.E a minha ira se acenderá, e vos matarei à espada; e vossas mulheres ficarão viúvas, e vossos filhos órfãos.Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que está contigo, não te haverás com ele como um usurário; não lhe imporeis usura.Se tomares em penhor a roupa do teu próximo, lho restituirás antes do pôr do sol,Porque aquela é a sua cobertura, e o vestido da sua pele; em que se deitaria? Será pois que, quando clamar a mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso."
Deus  daria paz ao seu povo, à  nação  inteira, se  eliminasse as injustiças  e opressões sociais; e observe, não promete paz  se obedecesse apenas às leis cerimonias, ligadas  aos cultos. Se zelasse apenas pelos cultos, mas esquecesse  dos pobres, dos órfãos, das viúvas,  a paz não viria.

Por isso mesmo em diversos momentos da nação de Israel  lhes faltou a paz de Deus; naquelas fases de sua história em que  Israel fazia sacrifícios, jejuava, orava, adorava, mas esquecia da misericórdia, do amor, do cuidado e zelo com os pobres e necessitados, e pervertia o direito, então   a violência assolava  o país, e as nações inimigas atacavam Israel  e prevaleciam  contra ele.

Exatamente isso que denuncia o profeta Amós:

"Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos,Suspirando pelo pó da terra, sobre a cabeça dos pobres, pervertem o caminho dos mansos...(...)Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis um tributo de trigo, edificastes casas de pedras lavradas, mas nelas não habitareis; vinhas desejáveis plantastes, mas não bebereis do seu vinho.Porque sei que são muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate, e rejeitais os necessitados na porta.Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau.Buscai o bem, e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis."  Am 2.6-8 e 5.10-15  
Esta profecia veio ao povo do Reino do Norte, num tempo de relativa prosperidade e paz no reinado de Jeroboão II,  Entretanto não era a paz de Deus. 
Dionísio Byler, no livro Jesus e La no Violência, afirma que "a violência do sistema injusto que golpeava os pobres reclamava a vingança de Deus. Era como se a sociedade, que poderia se considerar em paz, devido à ausência de guerra com as nações vizinhas, logo descobrisse que quem estava em guerra contra ela, era seu próprio Deus. Porque? Porque Deus se havia constituído a si mesmo o defensor dos pobres, dos que não tinham meios de se defender. Se os pobres não podiam ter paz  por parte de seus opressores, a sociedade inteira não poderia ter paz da parte de Deus. A violência dos poderosos, dos ricos, dos que tinham acesso legal às armas , tornava necessária a violência de Deus mesmo contra a sociedade injusta" 
 ... continua no próximo artigo.


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